"El mar es el último refugio que me resta" A.Pérez-Reverte

21 noviembre 2008

para os meus irmans e veciños


O escritor espanhol Arturo Pérez-Reverte defendeu a existência de uma Ibéria, um país único, sem fronteiras que separem Espanha e Portugal, porque é "um absurdo" que os dois países vivam "tão desconhecidos um do outro". "Há uma Ibéria indiscutível que está entre os Pirenéus e o estreito de Gibraltar, com comida, raça, costumes, história em comum e as fronteiras são completamente artificiais", disse o escritor à agência Lusa, de passagem por Portugal para o lançamento do romance Um dia de Cólera. Para Pérez-Reverte, o maior erro histórico de Filipe II, no século XVI, foi não ter escolhido Lisboa como capital do império: "Teria sido mais justo haver uma Ibéria, e a história do mundo teria sido diferente." O escritor disse que essa Ibéria não existe hoje administrativamente, mas "qualquer espanhol que venha a Portugal sente-se em casa e qualquer português que vá a Espanha sente o mesmo": "Houve dificuldades históricas que nos separaram, mas a Ibéria existe. Não é um mito de Saramago, nem dos historiadores romanos. É uma realidade incontestável" que precisa de um empurrão social e não político para se concretizar. Pérez-Reverte acha "um absurdo que Portugal e Espanha vivam sempre tão separados, tão desconhecidos um do outro", já que deviam olhar para a Europa como ibéricos, porque o mundo de hoje "é um lugar de grandes mudanças sociais": "Esse Ocidente pacífico, sereno, poderoso, com uma certa coerência cultural e social do século XX, não poderá continuar. O Ocidente, tal como o entendemos, está na sua etapa final." Arturo Pérez-Reverte, de 57 anos, é um dos escritores mais populares das letras espanholas da actualidade, com obra traduzida em quase trinta idiomas. Antigo repórter de guerra, dedica-se em exclusivo à escrita desde finais dos anos 80, tendo editado romances como O Cemitério dos Barcos sem Nome, Território Comanche, O Hussardo, O Pintor de Batalhas e os seis romances da série de aventuras Capitão Alatriste. A sua nova obra, Um Dia de Cólera, é "um livro de História em forma de romance" sobre a revolta popular de Maio de 1808 em Madrid contra as tropas francesas de Napoleão, durante a Guerra Peninsular em Espanha. "A tragédia desta guerra é que se lutou por um equívoco. França era a modernidade, era o futuro, era a Europa que aí vinha e o que as pessoas defendiam era a Espanha velha, antiga, de ministros corruptos. É uma guerra admirável, heróica, mas terrível." "A Ibéria existe. Não é um mito de Saramago", diz Pérez-Reverte. "É um absurdo que Portugal e Espanha vivam tão separados"

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